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Febre do Mayaro: Novo vírus transmitido pelo Aedes Aegypti

A Febre do Mayaro é uma doença infecciosa causada pelo vírus MAYV, transmitido inicialmente pelo mosquito silvestre Haemagogus. O primeiro caso foi identificado nos anos 50, em Trinidad, no Caribe, e pouco tempo depois já acometia algumas pessoas na região norte do Brasil. Porém, recentemente, com o aparecimento de diversos casos em outras regiões e estados como Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, levantou-se um alerta sobre o risco de epidemia, principalmente por haver indícios de que ele possa ser transmitido pelo Aedes Aegypti também, uma vez que o mosquito já é o vetor urbano de outras arboviroses – vírus transmitidos por artrópodes, ou seja, insetos e aracnídeos – como a Dengue, o Zika Vírus e a Febre Chikungunya.

De acordo com relatos médicos, após a observação de alguns pacientes, é possível que o Mayaro esteja há mais tempo em circulação, sendo seu quadro clínico muito semelhante ao da Chikungunya e ambos os vírus pertencem à família Togavirus e ao gênero Alfavirus, diferenciando-se apenas pela espécie. O vírus Mayaro apresenta ainda duas variações: subtipo D, presente no Brasil, Trinidad, Guiana Francesa, Suriname e Peru; e subtipo L, presente no norte do Brasil.

Devido à similaridade de sintomas com as outras doenças, como Dengue, Febre Amarela e, principalmente, Chikungunya, a única forma de diagnosticar a Febre do Mayaro é por meio de exames laboratoriais. Os principais sintomas apresentados são: febre alta de início imediato e inespecífica, dores intensas e nas articulações, que podem persistir por meses, dores musculares, manchas vermelhas pelo corpo, intolerância à luz e náuseas.

Quanto ao ciclo de transmissão, a Febre do Mayaro apresenta uma evolução muito parecida com a Febre Amarela. Um mosquito com o vírus infecta um macaco ou humano, que uma vez infectado torna-se hospedeiro e pode contribuir para a disseminação da doença, caso outro mosquito o pique. Vale lembrar que somente a fêmea do mosquito faz parte desse processo, pois o macho alimenta-se de néctar e seiva de plantas.

Assim como as outras viroses transmitidas pelo Aedes Aegypti, até o momento não há tratamento, então recomenda-se apenas repouso, hidratação e ingestão de alimentos saudáveis. Qualquer medicamento para alívio dos sintomas deve ser indicado pelo médico que diagnosticar a doença, mas em todos os casos as aspirinas são drogas contraindicadas. A prevenção da picada de mosquitos infectados continua sendo o melhor remédio. Ao transitar por áreas silvestres, proteja-se. O uso constante de repelentes – Icaridina, DEET e IR 3535, recomendados pela Organização Mundial da Saúde – e roupas compridas são também fatores de proteção, pois o ideal é reduzir ao máximo a exposição do corpo.

A grande pergunta que fica é: Como um mosquito pode transmitir tantas doenças? O Aedes Aegypti é um inseto adaptável e muito próximo do ser humano. Para se ter uma ideia, ele surgiu na África e chegou aqui na época da colonização. Com o passar do tempo adaptou-se ao ambiente urbano, pois há muitos locais para se proliferar. Além disso, é um mosquito flexível em termos de nutrição, visto que se alimenta a qualquer hora e não apenas no período noturno como outras espécies. Ele é resistente e oportunista, portanto, é muito difícil erradicá-lo. Com isso, os vírus sofrem mutações e adaptam-se ao Aedes também.

É importante lembrar que embora seja praticamente impossível acabar com o mosquito, a consciência de cada um pode ajudar a aumentar o controle sobre os focos de disseminação da espécie, com medidas simples como não deixar vasos ou outros recipientes com água acumulada, fazer a limpeza constante de terrenos e caixas d’água, armazenar pneus e garrafas em locais protegidos da chuva, entre outros.

*Por Dr. Marcos Antônio Cyrillo, é diretor clínico e infectologista do Hospital IGESP

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