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Sarampo: Mitos sobre a vacinação reativam doença extinta

O sarampo é uma doença infecciosa aguda, muito grave e altamente contagiosa. Considerada comum por muitas pessoas, embora não seja, apresenta sintomas como febre alta, dor de cabeça, manchas vermelhas pelo corpo, tosse, coriza, conjuntivite, manchas brancas na mucosa bucal, e ainda, alguns casos podem evoluir para infecções respiratórias e neurológicas. Erradicada no Brasil em 2016, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o registro de casos da doença voltaram a alarmar a comunidade médica.

Ainda não se sabe ao certo como a doença retornou ao país, mas alguns indícios apontam o caminho utilizado pelo vírus para voltar a vitimar a população. Segundo o Ministério da Saúde, o aumento súbito de casos registrados em Roraima e Amazonas, por exemplo, deram-se em função da crise venezuelana e a migração compulsória para os estados de fronteira. Mediante a situação precária da Venezuela, com um sistema de saúde sem recursos, a falta de vacinas oferecidas pelo governo propiciou o surto de sarampo, que veio na bagagem dos refugiados.

Este fato levanta o alerta para um outro caminho, uma vez que casos de sarampo foram também registrados, ainda que em menor número, nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Em função de alguns mitos sobre vacinação difundidos, principalmente nas redes sociais, alguns pais e responsáveis deixaram de vacinar seus filhos, alegando malefícios causados pelas vacinas e principalmente porque as doenças, entre elas o sarampo, estavam erradicadas. Contudo, o que não se deram conta é que as doenças estavam banidas ou pelo menos controladas, justamente pelo amplo programa de vacinação desenvolvido pelo Governo Federal e complementado, em alguns casos, pela rede privada. Em virtude do alto poder de contágio, os casos de sarampo voltaram a aparecer, já que a vacinação é o único meio eficaz de evitar a doença.

Entre os mitos difundidos sobre a vacinação estão o desenvolvimento de autismo e a presença de substâncias perigosas nas fórmulas, ambos refutados por estudos profundos sobre o assunto. A polêmica do autismo aconteceu em função de um artigo publicado pelo cirurgião britânico Andrew Wakefield, onde o mesmo argumentava que a aplicação da vacina tríplice viral estava relacionada ao aumento de casos de autismo. Mesmo desmitificada, a tese ainda circula entre as falsas notícias.

Quanto a presença de substâncias perigosas nas fórmulas, o que tem assustado alguns pais é o uso de formaldeídos, mercúrio e alumínio na produção das vacinas. Porém, as quantidades são baixas e incapazes de prejudicar a saúde. Outra preocupação muito comum é de que as vacinas funcionem como meios de inocular vírus e bactérias causadores de doenças. E mais uma vez a suposição cai por terra, pois a indústria farmacêutica usa versões modificadas dos microrganismos para que, na verdade, o organismo esteja preparado para reagir quando em contato com o agente patogênico.

Em todos os casos, a informação é a melhor forma de caminharmos para a prevenção. As vacinas estão cada vez mais evoluídas, embora a eficácia não atinja o percentual máximo, é possível chegar muito próximo, entre em 90 e 95% de imunização. As pesquisas para aperfeiçoamento das fórmulas estão cada vez mais avançadas, inclusive para reduzir as reações que podem ocorrer, como febre e dor no local em que foi injetada a vacina.

Deve-se avaliar, ainda, que essas reações são mínimas quando comparadas com as doenças de fato. Além dos sintomas muito mais graves, o sarampo pode gerar complicações e consequentemente sequelas como a diminuição da capacidade mental, cegueira, surdez e retardo do crescimento. O agravamento da doença pode levar à morte.

*Por Dr. Marcos Antônio Cyrillo, é diretor clínico e infectologista do Hospital IGESP

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